Obesidade

A obesidade atinge hoje em todo o mundo, mais de seiscentos milhões de pessoas, e o pior, estes números não param de crescer. Nos EUA já é considerada epidemia, que atinge aproximadamente, sessenta por cento da sua população.

Em nosso país, onde a preocupação dominante, é a falta de alimento na mesa de milhões de brasileiros, levando o governo a criar o programa “fome zero”, se convive paradoxalmente com o aumento significativo de obesos, atingindo segundo noticiário recente, a quase quarenta por cento de nossos habitantes.

O que é a obesidade todos sabem, está na cara, mas para diagnosticarmos corretamente, definiremos como tal, aqueles indivíduos adultos que apresentam um IMC (índice de massa corporal), superior a trinta (30), ficando a normalidade entre 20 e 25. Para obter-se este índice, utiliza-se o peso e a altura do indivíduo, dividindo o peso pelo quadrado da altura.

Por exemplo, para alguém com 1,65 m e 85 kg, efetuaremos o seguinte calculo, (85 : 272) obtendo o resultado de 31,25 que caracteriza, obesidade, um sobrepeso portanto, que oferece um risco moderado, para o funcionamento do indivíduo, já se alcançar um índice acima de quarenta (40), teremos uma obesidade mórbida que oferecerá um risco muito grave para a saúde.

Antes de aprofundar o tema, devemos deixar claro que algumas pessoas, por descompasso orgânico, ganham e mantém o peso acima do desejado, e mesmo mantendo uma alimentação em acordo com suas necessidades, tornam-se obesas, estes casos, atingem uma pequena parcela da população, onde a regra de ingestão e consumo, por este motivo encontra-se alterada.

Abandonando a técnica, definimos que o obeso é todo indivíduo, que durante um relativo longo período de sua história, e não de um dia para o outro, realiza uma ingestão calórica acima do que precisa para viver. Esse desajuste, que provoca uma enorme reserva de gorduras, é o resultante de dieta alimentar desequilibrada, que transformada em hábito, origina a sobrecarga, que cada vez mais indivíduos, carregam, ao que parece, para uma eventual necessidade.

Tal raciocínio, nos remete à uma época da civilização em que nossos ancestrais, necessitavam armazenar em seus próprios corpos, as calorias necessárias para o amanhã, sendo os “gulosos” que aproveitavam todas as oportunidades, para se “empanturrar”, transformados nos “gordinhos”, os seres mais capacitados à sobrevivência, numa época sem super-mercados ou tele-entregas, onde reserva de gordura, garantia a sobrevivência da espécie.

Nossa própria cultura, até bem pouco tempo, identificava como saudáveis, alegres, felizes e comunicativos, sendo modelos de bem sucedidos, os gordos, enquanto os magros eram considerados, pouco sadios, perdedores, tristes e infelizes.

Não podemos esquecer, que tais afirmações se originam em algumas verdades, como que, para ter acesso a uma alimentação farta e calórica, necessita-se possuir uma condição econômica satisfatória, e outra que comer, origina satisfação e alegria, o comilão tende a ser feliz, mesmo que possa sentir depois, alguma culpa ou remorso pelo exagero cometido.

Ao ingerir alimentos, sentimos uma sensação de prazer, de euforia, de bem estar, semelhantes às encontradas no jogo, no sexo, ou mesmo no uso de algumas drogas, como bebida, cigarro. Isto se origina pela liberação da dopamina no cérebro, um neuro-transmissor que é o responsável, por uma sensação de euforia, de bem estar que sentimos após comer, beber, fumar, amar...

Concluímos que não é nada fácil, alterar este estado de coisas, pois necessitamos lutar contra nossa genética, nossa cultura e os nossos prazeres, levando em conta, portanto que o confronto deve ser travado, com o inimigo tão próximo, tão difícil de ser batido, alguém com quem nunca imaginamos nos confrontar, nós mesmos.

Conscientemente, pensamos em mudar, queremos melhorar, sem nos darmos conta de que não é fácil, querer nem sempre é poder. Para tanto, precisamos querer mesmo, pois se aspiramos recuperar a saúde e o corpo perdido, necessitamos de fazer um grande esforço, e inverter, na mesma proporção os abusos cometidos, ao longo de tanto tempo.

Teremos de praticar exercícios intensa e abusivamente, além de apelarmos para uma alimentação sadia e equilibrada, dando tempo, para que se reinstalem os novos hábitos, e estes em sua prática, tragam de volta um corpo e a vida, saudável e feliz.