A Pedra Filosofal

Na antiga Índia um rico mercador, buscando realizar o grande sonho de sua vida, decidiu viajar pelo mundo em busca da “Pedra Filosofal”.

Longe de ser uma pedra comum, o famoso amuleto possuía, diziam, propriedades mágicas fabulosas. Entre tantas, teria o dom de transformar qualquer metal em ouro, bastando tocá-lo com a referida pedra, para transformá-lo no mais valioso dos metais.

Tal expectativa norteou toda sua vida daí para frente, muniu-se de um cinto com fivela de ferro e com ele percorreu toda Índia. Pelos caminhos que andava, recolhia pedras de todos os tipos e tamanhos e tocava com cada uma delas a fivela do cinto, com a expectativa ansiosa de transformá-la em ouro.

Após longos anos, havia percorrido milhares de quilômetros, tendo tido oportunidade tocar milhares de pedras em seu cinto, sem qualquer resultado. Sentia-se cansado, seu rosto vincado pela desesperança, pela longa e infrutífera jornada que no tempo, transformara-se num ritual automático e destituído de qualquer sentido afora pegar as pedras, tocá-las na fivela de seu cinto e abandoná-las no caminho. Não desistia, seguia em seu caminho solitário, persistia em seu sonho.

Certo dia, após uma caminhada de várias horas, parou à sombra de uma árvore para descansar. Sua cabeça inclinou-se para frente e seus olhos pousaram instintivamente no cinto, na fivela. Imediatamente levantou-se num salto e invadido por imenso espanto, confirmou que afixado ao seu cinto de couro pendia uma fivela de OURO.

Em algum recanto do longo caminho trilhado, suas mãos haviam recolhido a ambicionada pedra. Sem se dar conta, havia com ela tocado a fivela de ferro que imediatamente se transformou em ouro.

Na fria rotina tantas vezes repetida, seus gestos tinham perdido o sentido da observação dos atos que realizara, não percebera a transformação ocorrida, prosseguiu sua marcha, devolvendo num ponto da caminhada, ao pó da estrada, a preciosa jóia que encontrara.

De seus olhos brotaram copiosas lagrima até o sol sumir no horizonte. Dormiu um sonha agitado até os albores do amanhecer. Levantou-se, limpou com as mãos o pó das calças e caminhou no sentido inverso que tinha feito até então. Do pequeno alforge, retirou uma fivela de ferro, trocando-a pela que de ouro no cinto havia.

Retomou sua marcha disposto a percorrer toda Índia, se preciso fosse, tocando cada pedra que recordava haver encontrado na nova fivela, disposto a não desperdiçar como muitos de nós, Pedras Filosofais que encontramos em nossas vidas.